Milho: sinais de virada no curto prazo — como transformar notícia em margem
O mercado do milho começa setembro com vento a favor: portos mais ativos pagando melhor, line-up firme e demanda interna aquecida com etanol e ração. Para completar, o dólar segue volátil em Brasília e pode sustentar preços no curto prazo. O recado é claro: hora de usar estratégia, não improviso. (Tempo e Dinheiro, Portal do Agronegócio, Novacana)
Portos dão fôlego: prêmios e line-up em alta
- Portos brasileiros pagam R$ 66–68/saca para embarques entre setembro e novembro.
- O line-up fechou agosto com 8,2 milhões t programadas e já projeta 4,4 milhões t para setembro.
- Esse movimento aumenta a competição entre exportadores e sustenta o basis.
Quando o porto puxa, o preço no interior reage. E ainda há as chamadas “compras de complemento” — navios chegando incompletos e fechando carga no spot, o que costuma elevar os prêmios.
Demanda interna: etanol e ração seguram o mercado
- O Brasil já é o 2º maior produtor mundial de etanol de milho. O setor cresce entre 20% e 30% ao ano, puxado pelo uso em biocombustível.
- Em 24/25, o Centro-Sul produziu 8,19 bilhões de litros, com novas usinas fortalecendo o segmento.
- A Inpasa inaugurou em Balsas (MA) uma unidade de R$ 2,5 bilhões, que além de etanol gera DDGS para pecuária.
Usina perto significa frete menor e contratos mais previsíveis. No paralelo, o setor de ração também mantém firme a procura.
Oferta e safra: colheita praticamente encerrada
A Conab aponta que a 2ª safra de milho já está 97% colhida no Brasil. Preços internos estão “de lado”, com produtores segurando vendas em várias regiões. O mercado físico responde mais ao basis portuário e ao câmbio do que a Chicago. (Notícias Agrícolas)
Câmbio e Brasília: faca de dois gumes
O clima político em Brasília deixa o dólar nervoso. Isso ajuda quem exporta, mas pesa nos insumos importados. Pro milho, é sinal de cuidado: usar a volatilidade a favor, e não contra.
O que fazer agora: estratégia Safra Play
- Capture o porto: se o porto pagar R$ 66–68 e o frete fechar na conta, avance.
- Venda em partes: divida as vendas (ex.: 30/30/40). Assim, pega bons momentos sem arriscar tudo.
- Olho no prêmio: se a China aumentar compras dos EUA, os prêmios aqui podem cair. Não espere demais.
- Contrato com usina: em regiões próximas ao MA/TO/MT/GO, teste volumes com usinas de etanol. É negócio rápido e seguro.
- Logística afinada: combine janela de transporte. Navio parado custa caro.
- Armazenagem inteligente: só estoque se o custo de segurar o grão for menor que o ganho esperado no prêmio.
- Custo travado: compre insumos em ondas, nunca de uma vez só.
- Informação viva: siga boletins da Conab e relatórios da Unica/Unem. É onde mora a virada.
Cenário de 30–60 dias
- Exportação: setembro firme, outubro também se o line-up confirmar.
- Demanda doméstica: etanol de milho e novas usinas (como a de Balsas) puxam consumo.
- Câmbio: deve seguir volátil, ajudando exportação mas exigindo cautela na reposição de insumos.
Em resumo
O milho parou de cair e encontrou base em porto, etanol e câmbio. O produtor que vende em partes, usa o prêmio a seu favor e negocia com usinas locais consegue transformar notícia em resultado. O resto é barulho.
Jornalista Safra Play, Américo Ferreira