Um caso de violência transfóbica dentro de uma academia em Pains, no Centro-Oeste de Minas Gerais, ganhou destaque após a conclusão de um inquérito policial. Um homem de 52 anos foi indiciado pela Polícia Civil após atacar uma mulher transexual de 27 anos com empurrões, enforcamento e dois socos no rosto. Além da violência física, ele também proferiu diversas ofensas relacionadas à identidade de gênero da vítima.
O episódio reacende o debate sobre os crimes de homotransfobia no Brasil e a necessidade de medidas mais rígidas contra agressores que praticam violência motivada por preconceito.
Segundo as investigações, a vítima já vinha sendo alvo de comentários pejorativos por parte do agressor, que reclamava constantemente do tempo que ela passava dentro da academia. No dia 28 de agosto, as provocações tomaram maiores proporções e terminaram em violência física.
De acordo com a Polícia Civil, o homem empurrou a mulher, apertou seu pescoço e desferiu dois socos em seu rosto. Ele ainda tentou utilizar uma barra de ferro para golpeá-la, mas acabou sendo contido por outras pessoas que estavam no local no momento do ataque.
A delegada responsável pelo caso, Hionara Araújo Pimentel, explicou que os atos de violência foram acompanhados de ofensas transfóbicas. Entre as frases relatadas estão: “Você não é mulher”, “Não gosto desse tipo de gente” e “Esse lugar está ficando mal frequentado com pessoas trans”.
Essas declarações reforçaram a tipificação da homotransfobia como qualificadora dos crimes de lesão corporal e injúria.
Após a agressão, a vítima precisou ser encaminhada a um hospital da região. Exames médicos comprovaram as lesões no rosto e no pescoço. Além dos laudos periciais, testemunhas que estavam presentes no local confirmaram a versão apresentada pela mulher trans, fortalecendo a linha de investigação da polícia.
De acordo com a delegada, o conjunto de provas é robusto: “O laudo pericial atestou a integridade física violada, caracterizando o crime de lesão corporal. As testemunhas foram uníssonas em confirmar os fatos, e a documentação médica corrobora tanto a autoria quanto a materialidade delitiva”, afirmou.
Com base nas provas coletadas, a Polícia Civil indiciou o agressor pelos crimes de lesão corporal qualificada e injúria racial qualificada, praticada sob a forma de homotransfobia. O inquérito já foi finalizado e encaminhado ao Poder Judiciário, que dará prosseguimento ao processo criminal.
A corporação destacou que o homem não foi preso em flagrante no dia do ocorrido e que, até o momento, não existem requisitos legais que justifiquem a decretação da prisão preventiva. Por isso, ele irá responder às acusações em liberdade até decisão da Justiça.
O episódio gerou grande repercussão em Pains e na região Centro-Oeste de Minas. O caso levantou preocupações sobre a vulnerabilidade de pessoas trans em espaços públicos e privados, além de reacender discussões sobre preconceito e violência motivada por identidade de gênero.
Organizações de defesa dos direitos LGBTQIA+ têm reforçado a necessidade de denúncia imediata nesses casos, além da importância de políticas públicas mais eficazes para garantir segurança e dignidade à população trans.
Entenda o que é homotransfobia
Homotransfobia é o termo usado para definir atos de discriminação, violência ou ofensas direcionadas a pessoas LGBTQIA+, especialmente homossexuais e transexuais, em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a homotransfobia ao crime de racismo, o que torna suas penalidades mais severas.
O homem de 52 anos acusado de agredir e insultar uma mulher trans em uma academia de Pains (MG) foi indiciado pela Polícia Civil. O ataque envolveu empurrões, enforcamento e socos, além de ofensas transfóbicas comprovadas por testemunhas. O inquérito foi concluído e enviado à Justiça, que agora decidirá os próximos passos do processo. O caso expõe mais uma vez a urgência de combater crimes de ódio e garantir proteção efetiva às pessoas trans no Brasil.
Jornalista da OPZ Play, Junior Flávio