Acidente chama atenção para mortalidade anual de milhões de animais e a urgência por medidas estruturais de conservação
Por Junior Flávio | Opz Play
Uma suçuarana (ou onça‑parda) foi encontrada morta após ser atropelada na madrugada de domingo, dia 3 de agosto, na BR‑265, no km 364, próximo a Lavras (MG). O registro foi feito por um motorista por volta das 7h da manhã, e a imagem serve como um símbolo dramático de um problema ambiental que continua invisível na maioria dos dias.
Segundo dados da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), entre 15 e 17 animais vertebrados são atropelados por segundo no Brasil, totalizando cerca de 475 milhões de mortes por ano (Portal da Câmara dos Deputados). Animais de médio e grande porte somam mais de 2 milhões de vítimas anuais (UFLA), incluindo felinos, tamanduás e capivaras.
Impacto real na biodiversidade
Os números expressivos não são apenas estatística: cada atropelamento representa perda de indivíduos, redução genética e risco de extinção, principalmente em espécies ameaçadas como a própria suçuarana e outros mamíferos emblemáticos (UFLA, UFLA).
Segundo especialistas, a mortalidade nas estradas vem crescendo por causa da expansão da malha viária do país (1,7 milhão de km) que atravessa áreas de conservação e remanescentes de mata, combinada à falta de sinalização e infraestrutura específica para a fauna (Wikipédia).
Soluções urgentes para evitar tragédias ambientais
Para mudar esse cenário, pesquisadores e ambientais propõem alternativas testadas internacionalmente:
- Implementação de passagens subterrâneas e túneis ecológicos, que reduzem os atropelamentos em até 80% quando associadas a cercas direcionadoras (Wikipédia).
- Construção de cercas-barreira nas margens da rodovia, impedindo que animais entrem diretamente no fluxo de veículos (Semil SP).
- Instalação de sinalização com silhuetas de espécies e limites de velocidade reduzida em trechos críticos (oswaldocruz.br).
- Uso de tecnologias como inteligência artificial para identificar pontos de risco (“Km de Proteção”) e alertar motoristas em tempo real (Mobilidade Estadão).
Reflexão final
O atropelamento da suçuarana em Lavras não é um caso isolado. Ele representa milhares de dramas silenciosos que acontecem todos os dias em estradas brasileiras. Conforme a Constituição Federal, preservar fauna e flora é dever do Estado — e isso inclui rodovias que cortam áreas protegidas (Correio Braziliense).
A sociedade civil e os gestores públicos precisam debater com urgência a adoção de soluções estruturais. Afinal, proteger a fauna não é só um ato ambiental — é garantir equilíbrio ecológico e respeito à natureza que nos cerca.